quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Debate no FSM: Esquerda deve enfrentar crise com audácia e mobilização

“Este é um momento em que não devemos nos acovardar, mas sim ter muita audácia. Não devemos comemorar essa nova crise do capitalismo, mas também não podemos nos surpreender, pois a esquerda já vinha alertando que o castelo de especulação financeira iria desmoronar. Essa é a nossa hora, a hora de mobilizar e colocar em pauta a tese de que o capitalismo acabou e que é preciso instalar o socialismo”.

A afirmação foi feita pelo secretário nacional de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, durante a realização do debate “A esquerda latino-americana frente à crise do capitalismo”, promovido na manhã de ontem (29) pelo Foro de São Paulo e Fundação Maurício Grabois na Tenda de Cuba. A mesa contou também com a participação de Saul Escobar, do Partido da Revolução Democrática do México e de Hector Fraginal , do Partido Comunista de Cuba.

Pomar lembrou que o capitalismo é um sistema que evolui e se transforma através de crises sucessivas, mas que a atual ocorre no momento em que o modelo capitalista tem uma hegemonia jamais vista no mundo. Porém, ele também alertou que a atual crise encontra uma América Latina em situação completamente diferente das demais, onde existe uma confluência de poderes progressistas e o pensamento libertador tem conseguido importantes vitórias em diversos países do continente.

“É preciso haver uma pressão muito forte dos setores sociais na América Latina, mas no sentido ofensivo. O que vai acontecer dependerá da luta política e social e o nosso desafio será resolver essa crise em favor das classes trabalhadoras”.

Para ele, é necessária uma nova ordem social mundial e para isso existem três alternativas para vencer esse desafio: A primeira seria conservadora , onde as classes dominantes e os estados responsáveis pela crise imporiam as soluções; a segunda passaria por uma ação progressista, onde movimentos e governos de esquerda proporiam um novo desenho anti-neoliberal do mundo e a terceira via teria um caráter revolucionário, que passaria por uma ação política ofensiva dos movimentos sociais e políticos nos países mais afetados pela crise.

“Ou quem sabe poderemos ter uma combinação dessas três possibilidades. O importante é saber que a perda de hegemonia pelo capitalismo não seria de graça, pois os Estados Unidos ainda são a maior potência militar mundial e têm o controle dos meios de comunicação ”, afirmou.

O representante do PRD do México, Saul Escobar, destacou a necessidade de a esquerda apresentar propostas para a reestruturação dos organismos financeiros internacionais como o Banco Mundial, o FMI e a Organização Mundial do Comércio, além da própria Nações Unidas. Ele destacou o importante papel desenvolvido pelo governo brasileiro na ordem mundial e para o fortalecimento da democracia, além do presidente Lula ter se tornado uma das lideranças mais influentes no mundo hoje.

Héctor Fraginal, do Partido Comunista de Cuba, enfatizou a luta popular em países da América latina e Caribe contra o capitalismo, onde governos progressistas, apoiados pelos movimentos sociais, são símbolos de resistência à crise. Para Fraginal, a superação dos desafios impostos pela atual crise deve estar fundamentada na integração da América Latina e Caribe, que devem aproveitar todo o seu processo de acumulação de experiênias para por em prática um projeto inovador e revolucionário.

Nenhum comentário: