quinta-feira, 9 de abril de 2009

Brasil assume novo posto no cenário geopolítico

Após a reunião do G-20, o encontro de líderes dos principais países desenvolvidos e em desenvolvimento, realizada em Londres, o Brasil foi citado em análises internacionais como um dos protagonistas de um novo cenário econômico mundial, com referência às boas condições de sua economia.

Apesar da influência negativa da crise, os sólidos fundamentos da economia brasileira contribuem para amortecer os efeitos da turbulência no país. Em 2008, o PIB cresceu 5,1%; o consumo das famílias cresceu 5,4%, no quinto ano consecutivo de crescimento; e foram obtidos recordes na produção e na venda de veículos. Os dados oficiais estão disponíveis no Caderno Destaques, da Presidência da República.

Além disso, destaca a publicação, o crédito começa a se normalizar e a inflação está sob controle; indicadores sociais apontam redução da pobreza, das desigualdades entre brasileiros e há aumento da formalização do trabalho. O mercado de crédito continua em expansão e o volume de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 1.230,9 bilhão (posição de janeiro de 2009), ou 41,6% do PIB.

Esses dados, somados ao fato de que pela primeira vez o Brasil é credor externo - com participação no reforço de capital ao FMI - e detentor de reservas internacionais de cerca de US$ 200 bilhões, credenciam o País a ocupar uma nova posição na mesa de negociações internacional.
Nova ordem
Na avaliação de analistas e de meios de comunicação, é possível pensar no surgimento de um novo cenário geopolítico, com mais peso para Brasil e China.

Segundo o acadêmico e escritor Martin Jacques, o crescimento dos países emergentes, sobretudo da China, na esfera política é inevitável diante de sua ascensão econômica. Jacques, porém, disse acreditar num multilateralismo que não ficará concentrado no G-20, mas será marcado por uma série de microalianças, que levarão em conta aspectos regionais e ideológicos. "Os países ricos terão de se acostumar a um cenário de maior participação das nações emergentes porque, ao contrário do que ocorria há 40 anos, eles já não monopolizam tanto o PIB mundial. Países como China e Brasil vão gradativamente ocupar mais espaço em organismos internacionais, e isso resultará em um cenário internacional bem diferente do que vemos hoje, por mais que haja uma tendência de maior supremacia americana e chinesa".

Para o comentarista político da BBC, Steve Schifferes, há indícios, tanto na retórica quanto nas medidas, de que uma nova forma de se administrar a economia mundial parece estar emergindo do processo do G-20. "O presidente americano, Barack Obama, reconheceu isso ao admitir que o Consenso de Washington (que defende a globalização irrestrita e pouco regulamento para os mercados) está superado, e pediu uma abordagem mais equilibrada para regulação de mercados, em vez de total liberdade. Isso mostra uma mudança da posição americana, que no passado era fortemente oposto à regulação internacional do sistema financeiro. Agora já se fala em regular fundos hedge, salários de executivos e paraísos fiscais - medidas impensáveis antes desta crise", disse.

Segundo informações do jornal O Globo, "talvez a maior dica de mudanças no mapa-múndi geopolítico tenha sido dada pelo documento do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, vazado recentemente para a mídia britânica. Nele, os outros 19 países que compõem o G-20 foram, às vésperas da cúpula dos chefes de Estado em Londres, classificados em duas divisões de importância para os planos britânicos, incluindo uma campanha de relações públicas: enquanto nações de ligações históricas, como as ex-colônias Austrália e Canadá, foram colocadas no segundo escalão - ao lado de México, Turquia e Argentina -, Brasil, China e Índia apareceram ao lado de Estados Unidos, Japão, França e Alemanha".

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