domingo, 19 de abril de 2009

Lula pede diálogo direto entre EUA e Cuba para superar embargo econômico

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu neste sábado (18) um diálogo direto entre EUA e Cuba, para superar o embargo econômico, uma situação que ele qualificou como anomalia no continente. O pedido de Lula foi feito durante discurso na 5ª Cúpula da Américas, em Trinidad e Tobago.
"Nosso esforço integrador nas Américas será sempre incompleto enquanto persistir em nossas reuniões a anômala exclusão de um dos países do continente, que é Cuba", afirmou o presidente brasileiro. Segundo ele, "as relações com Cuba serão um sinal importante das disposições nossa e dos EUA de se relacionarem com a região.

Comentando sobre a recente liberalização da atuação de empresas americanas em Cuba, Lula afirmou que "as medidas do presidente Obama vão em boa direção, mas todos nós concordamos que são apenas o começo".

Lula continua: "que sejam ampliadas e venham sem pré-condições. Afinal, quem mais sofreu e ainda sofre com as restrições do bloqueio é o povo de Cuba". Para ele, "o diálogo direto entre os dois governos pode abrir o caminho para superar essa situação com a qual as Américas não querem mais conviver".

Sobre a América Latina, Lula disse que "a região cresceu coletivamente" (...) "mostramos que só há desenvolvimento quando se combina crescimento com distribuição de renda". Para ele, "esta Cúpula demonstra que nossa região não admite fórmulas rígidas, pensamento único e imposições unilaterais".

Defesa do etanol

Em seu discurso, o presidente também defendeu os biocombustíveis. "A crise não deve servir de desculpa para retrocedermos nos compromissos com tecnologias ambientalmente sustentáveis (...) a sociedade quer e exige combustíveis renováveis limpos e baratos".

"A produção de etanol à base de cana-de-açúcar, respeitada a realidade de cada país, aumenta a segurança energética e alimentar e gera divisas. Os biocombustíveis são arma eficaz na luta contra o aquecimento global", disse o presidente.

Visita de Hillary

Mais cedo, Lula recomendou que seu colega norte-americano Barack Obama promova uma visita da secretária de Estado Hillary Clinton à Bolívia e à Venezuela para buscar uma melhora mais rápida nas deterioradas relações de Washington com os dois países.

Os governos esquerdistas de Venezuela e Bolívia trocaram duras farpas com Washington durante o governo de George W. Bush e no ano passado ordenaram a expulsão dos embaixadores norte-americanos de suas capitais.

"O presidente Lula sugeriu que talvez a secretária de Estado (Hillary Clinton) ou outro representante dos Estados Unidos poderia visitar algum destes países", disse o chanceler Celso Amorim, em alusão as nações sul-americanas com quem a maior economia do mundo teve "mais mal- entendidos" recentemente.

Embargo

Os demais líderes sul-americanos também reiteraram a Obama seu pedido para que os Estados Unidos eliminem o embargo a Cuba, enquanto que vários fizeram referências à necessidade de que Washington facilite a chegada de mais recursos para enfrentar com êxito a crise econômica.

Alan García, presidente do Peru, enfatizou que a América do Sul não chegou ao encontro "com uma posição mendicante", ainda que tenha ressaltado que a região está fortemente conectada com a economia dos Estados Unidos e é importante para sua recuperação.

Obama manifestou seu interesse em ajudar a região no combate à disseminação da pobreza e propôs à presidente do Chile, Michelle Bachelet, que um representante norte-americano participe de um encontro de oficiais latino-americanos e caribenhos previsto para junho.

O chefe de Estado norte-americano ressaltou que "é uma época de mudanças" depois que vários de seus colegas sul-americanos lhe expressaram que é necessário remover o embargo, que consideram "anômalo".

"Foi uma reunião muito positiva, na qual o presidente Obama pediu que nossas queixas sejam consistentes", disse sobre o encontro a presidente argentina, Cristina Kirchner.



G1

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